Consequência: a medida modifica o método de cálculo do preço do GLP envasado. A Sociedade Peruana de Gás Liquefeito adverte que essa decisão poderia resultar em um aumento progressivo deste energético em massa.
Uma recente regulamentação emitida pelo Governo em 20 de janeiro despertou preocupações sobre um possível aumento nos custos do gás liquefeito de petróleo (GLP) envasado, o que afetaria diretamente os mais de 7 milhões de lares que utilizam esse energético em todo o país.
A medida visa alterar a metodologia para o cálculo do preço do GLP envasado para fins de inclusão no Fundo de Estabilização do Preço dos Combustíveis (FEPC). No entanto, segundo adverte a Sociedade Peruana de Gás Liquefeito, essa modificação oficializada no Decreto Supremo N°001-2024-EM poderia resultar em um aumento progressivo do preço desse combustível.
Em que consiste essa mudança? Em princípio, altera o método para definir o custo do GLP envasado, passando do uso do preço de paridade de exportação (PPE) para o uso do preço de paridade de importação (PPI).
O preço de paridade de exportação, calculado pela Osinergmin até a presente data, servia como referência para ajustar os preços e determinar as compensações dentro do Fundo de Estabilização, evitando que as flutuações no mercado internacional afetassem o preço local.
Segundo um comunicado da Sociedade Peruana de Gás Liquefeito, essa mudança poderia comprometer a proteção ao consumidor diante da volatilidade de preços a nível global.
Segundo o ex-vice-ministro de Energia, Arturo Vásquez, a nova fórmula de cálculo poderia levar a um preço significativamente mais alto, de até 30%, em comparação com a metodologia anterior, devido a condições como o maior custo do GLP no hemisfério norte durante o inverno, já que esse combustível é usado para aquecimento em países dessa parte do mundo.
Existe a preocupação de que esses aumentos, se mantidos, se traduzam em aumentos perceptíveis para os consumidores, especialmente nos lares peruanos, que veriam o custo de suas aquisições de GLP aumentar.
Vásquez estimou que, como resultado da aplicação da mudança regulatória, o preço do GLP envasado custaria S/1,80 por quilo. Ou seja, se um fornecedor oferece o botijão de gás de 10 quilos a S/50, poderia aumentar para S/52. E caso esse mesmo mecanismo seja aplicado, por exemplo, por 90 dias consecutivos, devido à alta demanda mundial, o preço ao público no Peru poderia aumentar para S/5,50 por botijão de 10 quilos, ou seja, um aumento de 10% nesse período.
Nesse contexto, o ex-funcionário também destacou o fenômeno do contrabando interno de GLP, onde fornecedores informais adquirem esse combustível a preços reduzidos graças às coberturas do FEPC, para depois vendê-lo como GLP a granel, geralmente a preços mais altos.
Ao mesmo tempo, há um aumento no preço do GLP envasado oferecido pela Petroperú, com um aumento de 13,30% desde o início do ano, o que afetaria diretamente o preço final ao consumidor. “Em 27 deste mês, era de S/2,51 por quilo, o que resulta em um aumento de 13,30% ou S/0,30, em comparação com os S/2,21 que tinha em 1º de janeiro último”, indicou.
Esse conjunto de fatores contribui para um cenário complexo no mercado de GLP envasado no Peru, onde os ajustes regulatórios buscam equilibrar as dinâmicas fiscais e a proteção ao consumidor, em um cenário de crescente incerteza sobre a evolução dos preços futuros.
Fonte: infobae