Durante a VII Cúpula de Petróleo, Gás e Energia, o ministro de Minas e Energia, Omar Andrés Camacho, falou sobre as ações que o governo está implementando para garantir o fornecimento de gás na Colômbia e evitar um possível déficit em 2025.
Em sua intervenção, Camacho deixou claro que a situação atual não indica necessariamente um desabastecimento, mas estão sendo tomadas medidas preventivas.
Segundo as estimativas do Ministério de Minas e Energia, se não forem tomadas medidas corretivas, a Colômbia poderá enfrentar um déficit de entre 120 e 150 milhões de pés cúbicos diários de gás natural no final de 2024 e início de 2025. Esse déficit poderia afetar tanto as indústrias que utilizam o gás como principal fonte de energia quanto os lares que o utilizam para cozinhar e aquecer água.
O ministro Camacho explicou que o déficit se deve, principalmente, ao esgotamento progressivo dos campos de gás e à falta de novos projetos de exploração no curto prazo. Atualmente, o país consome aproximadamente 1.100 milhões de pés cúbicos diários, e a demanda continua crescendo, enquanto a produção nacional diminuiu.
“Estamos revisando, através do Comitê Interinstitucional coordenado pela Agência Nacional de Hidrocarbonetos, a fiscalização dos 258 campos em produção para verificar os volumes declarados e garantir que tenhamos certeza nas informações,” explicou Camacho.
Além dessa auditoria, o Ministério está colaborando com a Bolsa Mercantil para analisar os contratos de gás firmes.
Segundo o ministro, “detectamos que alguns agentes estão sobrecontratados, enquanto outros não têm contratos de gás garantidos”. Se essa situação se confirmar, talvez não haja um déficit como inicialmente temido, o que permitiria ajustar o mercado sem grandes alterações.
O ministro também mencionou que a Ecopetrol, a maior produtora de gás do país, está tomando medidas para otimizar sua produção e liberar volumes de gás destinados ao consumo interno. Isso inclui o aproveitamento da infraestrutura existente, como os dutos da Zenit, e o acompanhamento rigoroso do cronograma dos projetos offshore (em águas profundas).
Camacho enfatizou que estão sendo tomadas ações em todas as frentes para cobrir a demanda, destacando que a confiabilidade é fundamental em situações como essa. “Estamos em todo esse processo de cobertura com o que temos disponível, mas também tomando medidas para não sermos pegos de surpresa por um possível cenário de escassez”.
Em relação às investigações em curso sobre o acúmulo de gás por parte de algumas empresas, o ministro Camacho comentou que está sendo avaliado se os agentes estão adquirindo mais gás do que precisam para depois revendê-lo no mercado secundário, um fenômeno que está sob a análise da Superintendência de Indústria e Comércio.
O ministro ressaltou que, embora os mercados internacionais possam ser afetados pelos conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia, o país está tomando as precauções necessárias para garantir que o fornecimento de gás esteja assegurado nos próximos anos.
Estratégias para enfrentar a crise
Na coletiva de imprensa da cúpula petrolífera, o ministro também anunciou uma série de estratégias para garantir o fornecimento de gás nos próximos anos e assim evitar uma crise energética.
Por exemplo, enfatizou que foi dada luz verde a vários projetos de exploração de gás em terra firme, especialmente nos Llanos Orientais e no Magdalena Médio. Além disso, o governo está avaliando aumentar a importação de gás natural liquefeito (GNL) para cobrir o déficit. A infraestrutura para receber GNL já está operativa em Cartagena e está prevista uma expansão.
Espera-se que, em 2024, as importações possam cobrir até 80 milhões de pés cúbicos diários, o que representaria 66% do déficit projetado. Além disso, o governo lançará uma campanha nacional de economia e uso eficiente de gás natural, destinada tanto à indústria quanto aos consumidores residenciais.
A médio e longo prazo, o governo também está de olho na possibilidade de desenvolver os campos de gás offshore (em águas profundas) identificados no Caribe colombiano. Se esses projetos se concretizarem, estima-se que a Colômbia possa ser autossuficiente em gás a partir de 2030.
Fonte: El Colombiano