Imagem: Surtidores Latam
Durante sua intervenção na Assembleia Geral da ONU, o presidente Gustavo Petro instou o mundo a abandonar o consumo de petróleo, carvão e gás em um prazo máximo de dez anos. Seu discurso, carregado de apelos à comunidade internacional, buscou destacar a urgência de uma economia descarbonizada como único caminho possível diante da mudança climática.
No entanto, para Julio César Giraldo Ruíz, consultor em Transição Energética Integral, a proposta do mandatário não corresponde aos tempos reais da transição. “O presidente Petro tem razão. Isso é o que busca uma Transição Energética Integral, mas no tempo, que não é curto. Facilmente podem passar 25 anos; chegaremos a 2050 e ainda estaremos usando carvão, petróleo e gás em muitos lugares do planeta”, assegurou em diálogo com o Surtidores LATAM.
O especialista enfatizou que o erro está na urgência com a qual se pretende executar o processo. “Onde ele se equivoca é na imediatez com que gostaria de realizar essa transição, ocasionando inúmeros problemas sociais e econômicos e até mesmo energéticos na sociedade dependente do comércio dos hidrocarbonetos tradicionais, como a Colômbia”, advertiu.
Para Giraldo Ruíz, o debate não pode ficar em slogans políticos. “Falar de transição energética com um discurso ideologizado nos leva rapidamente à ‘transgressão energética’, onde menosprezamos recursos energéticos que geram receitas para o país, ao mesmo tempo em que encarecemos as tarifas e prejudicamos os setores industriais relacionados”, destacou.
O consultor lembrou que a conjuntura colombiana já oferece sinais de alerta. “A crise atual do gás e as medidas obtusas induzidas no setor elétrico são prova disso”, afirmou, em referência aos desajustes que o mercado tem vivido devido a decisões aceleradas sem uma estratégia integral.
Sob a perspectiva dos Postos de Serviço, Giraldo Ruíz advertiu que os efeitos não virão dos discursos internacionais, mas da realidade do mercado. “A influência no setor, mais do que pelas palavras desejosas do presidente em algo que não vai acontecer rapidamente, virá pela diminuição das vendas devido aos aumentos da gasolina, do diesel e do próprio gás natural, o que leva o cliente a reduzir seu uso automotivo”, explicou.
Ele também mencionou a pressão que os postos começam a sentir pelas novas tecnologias. “Haverá impactos pelo aumento da frota de carros e motos elétricas e, em um fenômeno que começa a ser visto na Colômbia, o uso do gás hidróxi (HHO), um gás à base de hidrogênio, não regulado, cujo sistema de geração por eletrólise da água para uso em veículos aumenta o rendimento do combustível, diminuindo os galões vendidos nos Postos de Serviço”, detalhou.
“A transição energética integral é um caminho inescapável, mas se for confundida com imediatez, corre-se o risco de cair em uma transgressão energética que acabaria prejudicando mais do que ajudando”, concluiu Giraldo Ruíz.