Imagem: AmericaGLP
A Argentina segue avançando para se tornar um jogador global no mercado de propano. Nesse sentido, dois importantes executivos de diferentes produtoras deram pistas sobre o que está por vir. Em 2028, a produção proveniente de Vaca Muerta poderá dobrar a oferta atual.
A confirmação do que vem sendo publicado no portal americaglp.com foi reforçada por Claudia Trichilo, diretora de Operações da TGS, e Sergio Cavallin, gerente de Desenvolvimento Comercial Corporativo da Pluspetrol, durante o evento “Midstream & Gas Day”, organizado pelo EconoJournal.
Os planos da TGS
No caso da TGS, empresa de transporte de gás, está sendo desenvolvido há alguns anos um projeto de nova planta, com investimento total de US$ 2,5 bilhões, e a empresa planeja, ainda este ano, dar um novo salto na produção de propano e outros líquidos extraídos do gás rico de Vaca Muerta.
“Essa recuperação de propano e componentes superiores está dividida em três etapas. A primeira ocorre na planta da TGS em Tratayén (Neuquén), onde é feita a extração da chamada ‘sopa’ inicial. Estuda-se adicionar mais dois módulos para aumentar a capacidade de processamento para 43 milhões de metros cúbicos por dia.
A segunda etapa é a construção de um poliduto para transportar esse material até a região de Bahía Blanca, onde se instalaria a terceira fase — a planta de fracionamento — com capacidade para recuperar cerca de 2,8 milhões de toneladas, além de instalações de armazenamento e despacho”, explicou Claudia Trichilo, diretora de Operações da TGS.
No último ano, a empresa avançou no desenvolvimento da engenharia das diferentes fases do projeto. Já recebeu propostas concretas para fornecimento de equipamentos e abriu licitação para a montagem, a fim de definir o custo final e ajustar a tarifa a ser oferecida aos produtores interessados em Vaca Muerta.
“Estamos trabalhando para colocar esse sistema em operação, pelo menos em uma fase inicial, até 2028, e depois continuar com as ampliações, pois já adquirimos os terrenos e tudo foi planejado para um crescimento modular”, acrescentou Trichilo.
O financiamento também poderá ser dividido em etapas, acompanhando os marcos de expansão da capacidade. A ideia inicial é oferecer o serviço via tarifa, com financiamento próprio da TGS, mas também se considera a possibilidade de entrada de terceiros como sócios, já que não se trata do único projeto desse tipo na indústria. Uma oportunidade para os fracionadores brasileiros?
Pluspetrol + YPF
A Pluspetrol, em associação com a YPF, opera um de seus projetos emblemáticos no bloco La Calera, dentro da formação Vaca Muerta. Por isso, ambas lideram dois dos maiores projetos atualmente em andamento para o processamento de líquidos do gás natural.
A ideia é instalar plantas de separação de líquidos do gás rico (off-spec), já que La Calera produz cerca de 14 milhões de m³/dia de gás que não pode ser injetado diretamente nos gasodutos sem processamento prévio — e a tendência é que a produção continue crescendo.
“Para entender o tamanho da oportunidade que temos pela frente: se a produção alcançar 100 milhões de metros cúbicos de gás rico, considerando tanto o gás associado quanto o proveniente de áreas em transição como La Calera, poderíamos extrair 12 milhões de toneladas anuais de componentes liquefeitos — etano, propano, butano, gasolina — representando uma receita de cerca de US$ 5 bilhões por ano”, explicou Sergio Cavallin, gerente de Desenvolvimento Comercial Corporativo da Pluspetrol, durante o evento.
Segundo ele, os líquidos extraídos do gás natural são o “gran finale” das produtoras, desde que haja mercado. Para ilustrar, comparou os preços:
“Esse gás não convencional de Vaca Muerta é vendido entre US$ 3 e US$ 4, mas os NGLs (líquidos do gás natural) são vendidos entre US$ 10 e US$ 12, pois já se tratam de insumos petroquímicos, com alta demanda internacional”, destacou o executivo.
Fonte: AmericaGLP