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Há um duto privado que vai da Cidade do México a Veracruz do qual não se rouba nem em quantidade nem em qualidade: “sai o que entra”.
No México, a rede de gasodutos está subutilizada, o que impacta negativamente nos preços pagos pelos consumidores, já que aumentam os custos de transporte e distribuição, explicaram analistas.
Há gasodutos que não são utilizados em até 90%, embora em média se fale que apenas 50% de sua capacidade é usada, apesar de ser muito mais barato transportar o energético por esse meio, destacou a presidente da Associação Mexicana de Distribuidores de Gás Liquefeito e Empresas Conexas (Amexgas), Rocío Robles Serrano.
Em coletiva intitulada “Huachicoleo, pagamentos pendentes e a crise de confiança no setor energético”, a presidente indicou que o gasoduto de Veracruz a Guadalajara está inoperante em 90%, enquanto os de Cactus e de Topolobampo estão fechados há mais de um ano.
“O melhor transporte é por dutos e não por caminhões. Então, por que se optou por levá-lo sobre rodas? É de 16 a 17 vezes mais barato o transporte por duto que por caminhão”, questionou. “Por que o gás não chega ao usuário mais rápido e barato? Ali poderíamos ver eficiência”, afirmou.
Robles Serrano lembrou que o menor uso dos dutos teve a ver com a explosão registrada em Tlahuelilpan, Hidalgo, e acrescentou que a Pemex é a dona da rede de dutos e poderia utilizá-los para reduzir os preços de transporte do gás e levar o combustível com maior rapidez.
Ela destacou ainda que há um gasoduto privado que vai da Cidade do México a Veracruz, no qual não há roubo de quantidade nem de qualidade: “sai o que entra”.
Nesse sentido, a dirigente indicou que as perdas por roubo de GLP da Pemex duplicaram no primeiro trimestre de 2025 em mais de 100%, passando de 61 mil toneladas no mesmo período de 2024 para 123 mil toneladas, segundo dados oficiais que agora disfarçam esse número como “incidentes não operacionais”.
Mais inspeções e nova regulação
A presidente da Amexgas apontou que mover gás por um duto está sujeito à variação de pressões, de modo que qualquer pessoa que queira roubar combustível precisa conhecer quando a pressão sobe ou baixa, informação que somente a Pemex possui. Por isso, chamou a atenção como grupos criminosos sabem o momento certo para roubar, ressaltando a necessidade de governo e Exército atuarem no tema e realizarem uma depuração.
Ela destacou ainda que, mais do que sobrerregular as empresas formais, deveria haver inspeções em todas as estações de serviço ou pontos informais espalhados pelas rodovias.
Segundo dados apresentados, 80% dos combustíveis no México é transportado por caminhões, em 2.600 veículos-tanque. Se fosse por gasoduto, o preço poderia cair para 80 centavos, concordou a CEO da eServices, Alicia Zazueta Payán.
A especialista acrescentou que hoje as empresas formais já estão sujeitas a maiores controles, como controle volumétrico, rastreabilidade, QR code para caminhões-tanque, além de dados do motorista, CURP e declaração detalhada do produto transportado — o que aumenta os custos das empresas.
Ela estimou que um em cada três litros é “huachicol” (roubo de combustível), seja fiscal ou adulterado, e destacou como positivo que a autoridade atue em portos, navios, vagões, instalações não reguladas, autoconsumo e pátios de despacho privados, para ampliar a regulação.
Custos da nova regulação
A nova regulação para caminhões-tanque custará às empresas entre 100 mil e 130 mil pesos, para instalação de GPS e infraestrutura necessária para alimentar a base de dados, custos que se somam às exigências da Carta Porte.
Por fim, ela ressaltou que a Comissão Nacional de Energia (CNE) está liberando os pedidos de licença que estavam parados, já que a extinta Comissão Reguladora de Energia (CRE) havia travado os processos. Atualmente, já se observa maior agilidade nos trâmites.
Fonte: El Universal