A venda de gás natural liquefeito em Cuba se tornou um novo foco de descontentamento popular.
A escassez do produto, somada a falhas logísticas e à falta de informações claras, tem gerado uma situação caótica em várias partes do país. As pessoas acordam cedo, esperam por horas e muitas vezes voltam para casa sem seus botijões de GLP.
Em meio a apagões generalizados, com interrupções no fornecimento de energia que superam 12 horas por dia em algumas províncias, a falta de gás agrava ainda mais a situação doméstica. Cozinhar se tornou um desafio diário, especialmente para famílias com crianças, idosos ou pessoas doentes. As alternativas — carvão, lenha e fogões elétricos — nem sempre estão disponíveis ou são viáveis.
O descontentamento cresce e as reclamações se acumulam. Nas redes sociais, cidadãos relatam filas desorganizadas, venda clandestina, acumulação de botijões e acesso desigual. Muitos afirmam que as listas de espera não são respeitadas e que a entrega do gás depende mais de “contatos” do que dos horários oficialmente agendados. A situação se tornou insustentável.
A demanda supera amplamente a capacidade de resposta das plantas da CUPET, e a distribuição virou um gargalo. Diante desse cenário, as autoridades decidiram implementar um novo mecanismo, que, segundo elas, visa regular a entrega do produto. No entanto, a medida gerou confusão e críticas antes mesmo de entrar em vigor.
Duas filas para um único gás: assim funcionará o novo sistema
A partir de agora, a venda de gás liquefeito em Villa Clara e outras províncias será gerida por dois canais simultâneos:
-
Uma fila física
-
Uma fila virtual, via aplicativo Mi Turno, integrado ao Transfermóvil.
O canal virtual será a única opção válida assim que os compromissos com as listas anteriores forem cumpridos.
Segundo Ángel Rivalta, responsável pela planta de GLP em Villa Clara, para reservar pela fila virtual, o usuário deverá:
-
Ter um celular,
-
Estar com o aplicativo atualizado (versão 1.250620),
-
Pagar 10 pesos cubanos por cada agendamento.
Este valor não será reembolsado, mesmo que a reserva seja cancelada por erro nos dados.
Cada usuário poderá agendar até três compromissos simultâneos e deverá informar o número de identidade do titular do contrato. O aplicativo enviará um SMS 24 horas antes da data agendada com as instruções necessárias para a retirada do botijão.
Pessoas vulneráveis e mensageiros não prioritários
No caso de pessoas com deficiência ou em situações especiais, serão formados comitês nos Conselhos Populares, que irão avaliar e aprovar os pedidos caso a caso. Contudo, a entrega continuará dependendo da disponibilidade real do produto.
Mensageiros privados, amplamente utilizados em áreas urbanas, também não terão prioridade. Só poderão efetuar a compra se o agendamento tiver sido feito pelo titular do contrato, sem exceções.
Segundo a CUPET, se um usuário não tiver acesso ao aplicativo, deverá buscar ajuda de familiares ou vizinhos, pois a empresa não se responsabiliza por limitações técnicas ou de conectividade de cada cidadão.
Fonte: Directorio Noticias