Copa Energia projeta um aumento significativo de investimentos no setor de GLP com o lançamento do programa federal Gás para Todos. A iniciativa pode gerar uma demanda adicional de até 1,5 milhão de toneladas do popular gás de cozinha no país, disse ao Money Times Pedro Turqueto, vice-presidente da companhia.

Em setembro, o governo federal encaminhou ao Congresso o projeto de lei que estabelece o programa Gás para Todos, que visa prover botijões para mais de 20 milhões de famílias beneficiárias do Bolsa Família. O programa deve substituir o atual Auxílio Gás, que atende 5,6 milhões de famílias.

Para o VP da Copa Energia, o projeto, que ainda tramita no Congresso, corrige uma falha do Auxílio Gás, que não obrigava o uso do benefício para a compra de gás de cozinha, e permitia que famílias optassem por cozinhar a lenha e usasse o dinheiro do benefício para outra necessidade.

“Cozinhar a lenha gera uma série de doenças respiratórias. É um problema que vai cair na saúde pública em cinco ou seis anos. Vai ter um custo social”, disse. “O GLP é uma alternativa mais limpa e com menor impacto ambiental”.

Turqueto é um dos principais executivos da empresa que surgiu em 2020, quando a Copagás comprou a Liquigás, antiga subsidiária da Petrobras (PETR4), e se consolidou como um dos quatro principais players no mercado nacional de GLP.

Segundo o VP da companhia, o processo de integração foi uma oportunidade de criar uma nova cultura corporativa que unisse as fortalezas das duas companhias, resultando em um crescimento expressivo do Ebitda nos últimos anos.

Investimentos do setor

Turqueto estima que o setor precise de investimentos entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões em infraestrutura, incluindo novos botijões e terminais de armazenamento e distribuição.

Ele sublinhou que a Copa Energia prepara construção de um terminal de GLP no porto de Suape, em Pernambuco, em parceria com o Grupo Edson Queiroz e a Oiltanking, com previsão de conclusão para 2027.

Esse investimento, segundo ele, não está condicionado ao avanço do projeto de lei, pois a infraestrutura já é necessária para atender a atual demanda do mercado.

Segundo o VP da Copa Energia, outros investimentos no setor estão atrelados ao crescimento da demanda projetada pelo programa, que exigirá uma expansão na infraestrutura de distribuição e armazenamento.

“A gente se associou para construir esse terminal que eu mencionei, mas hoje somos uma empresa com baixa alavancagem, temos espaço no balanço para tomar mais dívida, mas também estamos gerando caixa”, explicou Turqueto.

Ele disse que a Copa Energia pode financiar parte desses investimentos com recursos próprios e outra parte tomando dívida. “Hoje, o mercado de crédito está bastante líquido e oferece condições favoráveis para captar recursos,” disse.

Expansão da Copa Energia

Turqueto afirmou que, embora a Copa não planeje aquisições no mercado de GLP, a companhia tem expandido sua atuação para outros segmentos, com foco em soluções de transição energética e alternativas mais sustentáveis.

A Copa Energia alcança hoje 11 milhões de residências por meio de 7.500 vendedores e cerca de 40 mil clientes empresariais. Para Turqueto, essa capilaridade permite à empresa explorar novas ofertas de produtos energéticos a esses clientes.

Recentemente, a Copa adquiriu a CTG, empresa de gás comprimido, e está investindo em alternativas como o gás natural e o biometano.

Turqueto ressaltou a importância do GLP na transição energética, apontando que o combustível emite menos gases de efeito estufa em comparação a outros fósseis como diesel e óleo combustível.

No entanto, o executivo disse que o uso do GLP no Brasil ainda é limitado por questões regulatórias, que impedem sua aplicação em motores e geração de eletricidade.

Para contornar essas restrições e ampliar o uso sustentável do produto, a Copa tem investido em pesquisa e desenvolvimento, com iniciativas voltadas para o GLP de origem renovável, em parceria com instituições acadêmicas como a USP e a UFRJ.

Fonte: Money Times