Imagem: El Colombiano

Com o objetivo de captar mais receitas de todos os tipos de rendas, legais e ilegais, as estruturas criminosas assumem qualquer risco e agora estão buscando comercializar os botijões de gás propano, não apenas com a aquisição dos mesmos, mas também com o seu reenvasamento, muitas vezes, sem as técnicas adequadas das empresas legalmente certificadas.

Isso foi revelado depois que, no início da semana passada, a Polícia Metropolitana informou sobre a captura de quatro integrantes do grupo criminoso Los Triana, estrutura que estaria encarregada do monopólio de mantimentos e alguns insumos no nordeste de Medellín e em Bello.

O problema do reenvasamento dos cilindros de gás ocorre em residências e alguns espaços que não cumprem as garantias necessárias para esse processo, o que pode gerar explosões que comprometem a segurança não apenas de quem o faz, mas também de comunidades inteiras, como explicou Eliana Paola Bohórquez, diretora técnica da área de Gestão de Gás da Superserviços.

Uma das situações mais recentes registradas com os inconvenientes gerados para as comunidades pelo enchimento desses cilindros, independentemente de serem legais ou não, ocorreu em 23 de junho de 2023, no bairro El Trapiche, em Bello, onde houve uma explosão enquanto se carregava um veículo para transportar esses botijões. O incidente deixou duas pessoas feridas e causou temor entre a comunidade afetada pela emergência, com mais de 200 botijões no local.

“A regulamentação vigente proíbe o reenvasamento de cilindros, pois esta é uma prática que coloca em risco as pessoas que a realizam e toda a comunidade ao redor, devido à possibilidade de acidentes por vazamentos e má manipulação de cilindros e tanques”, explicou Alejandro Martínez Villegas, presidente da Associação Colombiana de Gás Liquefeito de Petróleo (Gasnova).

Para realizar esse processo, é necessário fazê-lo em uma planta de enchimento registrada na Superintendência de Serviços Públicos, órgão que o autoriza, e deve ser realizado apenas em cilindros da mesma marca, para evitar problemas com as características dos outros recipientes.

Dificuldade de distribuição

O problema do reenvasamento está ligado às restrições para que os caminhões que distribuem e entregam os cilindros tenham dificuldades de transitar devido às intimidações dos grupos criminosos.

Martínez Villegas afirmou que as maiores restrições para essa atividade ocorrem nas comunas 1 (Popular), 2 (Santa Cruz), 3 (Manrique), 4 (Aranjuez) e 13 (San Javier), em Medellín, além dos municípios de Itagüí, Bello, Copacabana e Barbosa, apenas para mencionar o Vale de Aburrá.

O secretário de Segurança de Medellín, Manuel Villa Mejía, afirmou que, com as quatro capturas recentes, busca-se garantir que essas estruturas criminosas deixem de monopolizar os produtos da cesta básica, como têm feito em alguns setores da área metropolitana.

O trabalho realizado pelas autoridades atende ao pedido da Gasnova, que solicita controles mais rigorosos para evitar os riscos que o enchimento ilegal de botijões representa, principalmente em termos de segurança para as comunidades.

“É importante que a Polícia Rodoviária e outros corpos policiais realizem operações nas estradas para controlar o transporte de cilindros de todas as marcas que são roubados das empresas legalmente constituídas para serem reenvasados nesses estabelecimentos ilegais”, afirmou o porta-voz da Gasnova.

Isso, considerando que cerca de 2.400 cilindros de gás estão em poder das estruturas ilegais em todo o país para realizar os reenvasamentos em locais clandestinos. Tudo isso apesar dos mais de 500 bilhões de pesos investidos por esse setor para evitar o uso irregular dos cilindros, enquanto as gangues criminosas cada vez mais captam, sob intimidações, esse e outros mercados de insumos e mantimentos nas áreas mais vulneráveis de Antioquia.

Fonte: El Colombiano