Em países como México, Brasil e Colômbia, as empresas envasadoras já assumiram o protagonismo na importação de GLP, a partir da construção de terminais próprios ou administrados em parceria com terceiros.

Nos últimos anos, intensificou-se a tendência de as companhias envasadoras se transformarem também em importadoras de GLP, além de sua função principal de envasar e distribuir. A nova dinâmica consiste em importar por meio de terceiros ou realizar investimentos diretos em terminais portuários, para atender mercados que não conseguem se autoabastecer com a produção nacional das refinarias.

Os países nessa situação incluem o México, a Colômbia, que acelerou seu ritmo recentemente, e o Brasil, onde já estão em fase de desenvolvimento e construção iminente de terminais portuários, tanto no norte quanto no sul do território.

No México, a mudança começou em meados da década passada, quando a Pemex perdeu a exclusividade como única importadora e fornecedora de GLP no mercado. As envasadoras (ou “gaseras”, como são chamadas no país) passaram então a importar diretamente, investir em terminais portuários e até mesmo, como o caso da Zeta Gas, adquirir navio metaneiro próprio.

Há pouco mais de dez anos, o México importava apenas 30% a 40% do GLP que consumia. O declínio da produção da Pemex e a liberalização das importações para novos agentes do mercado geraram um boom importador, que hoje representa 60% do consumo nacional, proveniente principalmente dos Estados Unidos. Estima-se que, a médio prazo, as importações atinjam 80% da demanda interna, o que exigirá novos investimentos em parques de armazenamento, garantindo maior autonomia e evitando rupturas no abastecimento.

Brasil: novas terminais e grandes investimentos

O que desponta como um grande ciclo de investimentos são as duas terminais portuárias que começarão a ser construídas em breve no Brasil, ambas no Nordeste, com o objetivo de receber GLP principalmente dos Estados Unidos.

Uma das terminais contará com um investimento de R$ 1,2 bilhão, realizado pelas envasadoras Nacional Gás (Grupo Edson Queiroz), Copa Energia e Oiltanking Logística Brasil, que construirão uma unidade no Complexo Industrial e Portuário de Suape (CE).

Prevista para entrar em operação em meados de 2027, a instalação será greenfield e terá capacidade de 120 mil metros cúbicos (cerca de 1,5 milhão de toneladas por ano) para armazenamento refrigerado de GLP — tornando-se, segundo os desenvolvedores, “o maior tanque de GLP do Nordeste”.

De acordo com o Grupo Edson Queiroz, o projeto “contribuirá para a autonomia do suprimento de GLP no Nordeste, ampliando a capacidade local de abastecimento e permitindo a importação por agentes independentes através de grandes navios totalmente carregados”.

A estrutura acionária da nova sociedade ficou definida assim: 42,5% para o Grupo Edson Queiroz, 42,5% para a OTLB (Grupo Otamerica) e 15% para a Copa Energia.

A segunda terminal será operada pelas envasadoras Ultragaz e Supergasbras Energia, que criaram uma nova empresa para administrar a unidade. O projeto prevê capacidade de armazenamento de 61.900 toneladas (123.800 m³) de GLP, investimento de R$ 1,1 bilhão e início das operações previsto para 2028.

Segundo o projeto, a nova instalação atenderá não apenas às duas empresas, mas também a terceiros interessados em contratar serviços de manuseio e armazenagem.

Além disso, a Supergasbras lidera o plano de construir uma segunda planta no sul do país, com o objetivo de receber GLP da Argentina. O projeto já está desenhado, mas ainda não avança no mesmo ritmo que o empreendimento do Nordeste.

Colômbia acelera e se prepara para importar metade do que consome

Até 2026, a Colômbia deverá importar 50% do GLP consumido em seu mercado interno. Nesse contexto, envasadoras e operadores portuários iniciaram investimentos para se preparar para o novo cenário.

A Colgas, empresa colombiana controlada pela chilena Abastible, saiu na frente ao anunciar o início da construção de uma planta de importação de GLP no porto de Okianus Terminals, em Cartagena, com investimento de US$ 60 milhões e previsão de operação para final de 2025.

Para desenvolver o terminal, a Colgas firmou acordos estratégicos com empresas líderes no setor, como a Okianus (serviços portuários) e a EGSA, do Brasil, responsável pela fabricação da infraestrutura de armazenamento.

Por fim, é importante destacar que países como Chile e Paraguai sempre foram importadores tradicionais de GLP, e suas principais envasadoras historicamente desempenham esse papel de forma consolidada.

Fonte: AmericaGLP