Quase um mês após a explosão de um caminhão-tanque na Ponte da Concórdia, em Iztapalapa, a Secretaria de Energia anunciou a publicação de duas normas emergenciais que buscam transformar a regulamentação do transporte e da distribuição de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) no México. A medida responde não apenas ao acidente que comoveu o país, mas também a um histórico de sinistros que colocaram sob suspeita as condições em que é manuseado um dos combustíveis mais sensíveis do cotidiano.

As novas disposições, elaboradas em coordenação com a Comissão Nacional de Energia, a Secretaria de Infraestrutura, Comunicações e Transportes e a Agência de Segurança, Energia e Meio Ambiente, estabelecem pela primeira vez regras diferenciadas para as duas atividades que sustentam a cadeia logística: transporte e distribuição. Até agora, ambas compartilhavam o mesmo marco regulatório.

“Cada uma terá seu próprio instrumento com características específicas”, explicou a secretária Luz Elena González Escobar durante a apresentação realizada ontem, destacando que a intenção é elevar os padrões de segurança em todas as frentes.

A proposta não se limita a novas regras técnicas, mas representa uma forma distinta de compreender a operação do GLP: já não bastará comprovar programas internos de manutenção ou capacitar motoristas com cursos gerais; agora será obrigatório apresentar laudos oficiais, certificações validadas pelo organismo CONOCER e controles tecnológicos em tempo real, como GPS e limitadores de velocidade.

A mudança também alcança o núcleo da infraestrutura. Os recipientes e componentes de segurança, que até então exigiam apenas inspeções externas, deverão passar por revisões internas e testes periódicos de pressão hidrostática — um controle que historicamente só era aplicado quando se detectavam danos. Com isso, o Estado busca garantir que cada caminhão-tanque que circula pelas ruas o faça sob condições comprovadas, e não apenas declaradas.

A presidente Claudia Sheinbaum apoiou a iniciativa e antecipou que o eixo central é a prevenção. “O importante é a não repetição, porque têm ocorrido muitos acidentes relacionados ao transporte e ao GLP”, afirmou, deixando claro que o governo pretende reduzir a distância entre regulamentação e realidade operacional.

A implementação será escalonada: unidades de transporte e distribuição com capacidade superior a 5.000 litros e mais de dez anos de uso terão quatro meses para se adaptar; as demais unidades terão seis meses.

Paralelamente, equipes de inspeção da SICT, da CNE e da ASEA visitarão plantas de distribuição para revisar licenças, veículos e condições físicas de operação.

Fonte: Surtidores Latam – Sol Bermo