No Quarto Fórum Internacional GNL Global, realizado de 16 a 18 de outubro na Cidade do Panamá, América Latina e o Caribe apresentaram seus projetos de gás natural liquefeito (GNL).

Destacam-se Panamá e México, dois países que querem se tornar *hubs* de GNL na região. O primeiro, graças à passagem do canal, e o segundo, aproveitando o *nearshoring* com o maior exportador de gás natural do mundo: os Estados Unidos.

De fato, empresas como a AES Panamá, em conjunto com a Seaspan Energies, avançaram em um Acordo de Colaboração (MOU) para implantar a primeira barcaça de abastecimento de GNL em Panamá, aproveitando a infraestrutura existente de um terminal de armazenamento cujo principal propósito é a geração elétrica. Espera-se que a AES inicie o serviço a partir de 2025.

Por sua vez, o México está instalando vários projetos de liquefação na costa do Pacífico, para se tornar a ponte entre a oferta de gás natural dos Estados Unidos e o maior importador desse combustível: a Ásia.

Um dos projetos mais relevantes é o da Energía Costa Azul, que busca aproveitar a proximidade dos gasodutos dos EUA para exportar GNL para os mercados asiáticos. A localização estratégica do México no Pacífico, combinada com o gás a preços competitivos dos EUA, torna o país um ator chave para abastecer a Ásia, reduzindo tempos e custos de transporte.

Outro projeto é o da México Pacific, que conseguiu um novo cliente na Ásia para a planta de GNL que desenvolve na costa do Pacífico.

O acordo com a comercializadora sul-coreana de energia Posco International aumenta a probabilidade de que o projeto de GNL Saguaro Energía, avaliado em US$14 bilhões, siga em frente.

A empresa de energia, com sede em Houston, afirmou estar “posicionando o projeto para uma decisão final de investimento (FID) positiva”.

Se aprovado, o Saguaro Energía consistirá em três trens de liquefação, cada um com capacidade para 5 milhões de toneladas anuais (Mt/a).

A Posco International assinou um acordo de 20 anos para adquirir 0,7 Mt/a de GNL fornecidos pelo Saguaro Energía.

A empresa sul-coreana se junta a outras empresas de energia, como Shell, Woodside, ConocoPhillips e ExxonMobil, que também assinaram acordos para comprar GNL do projeto.

Localizado em Puerto Libertad, no estado de Sonora, o Saguaro Energía importará gás natural por duto a partir dos grandes recursos da bacia pérmica dos Estados Unidos.

Posteriormente, liquefará o gás para exportá-lo à Ásia em navios metaneiros por uma rota direta através do Pacífico, evitando o cada vez mais congestionado canal do Panamá.

O Sul também existe

A Argentina, com seus grandes campos de *shale gas* em Vaca Muerta, não quer ficar para trás e avança em seu objetivo de se tornar um importante exportador de GNL no subcontinente, juntando-se ao Brasil e ao Peru. O objetivo é começar a exportar GNL em 2027 e atender parte da demanda global, especialmente na Europa e na Ásia.

A estatal YPF, junto com parceiros internacionais como a Petronas, está desenvolvendo plantas de liquefação. Esses projetos também fazem parte de um esforço mais amplo do governo argentino para diversificar a economia do país.

Por outro lado, Trinidad e Tobago e Peru, os dois pioneiros na exportação de GNL na América do Sul, enfrentam o desafio da queda de produção em seus campos.

Como parte das estratégias para enfrentar a diminuição da produção, Trinidad e Tobago está investindo na exploração de novos campos e na expansão de projetos existentes, como o desenvolvimento do campo Matapal pela BP. Além disso, o governo implementou incentivos fiscais para atrair investimentos estrangeiros.

Por sua vez, o Peru concentra esforços em maximizar a produção de Camisea, o maior campo existente, ao mesmo tempo em que explora novas áreas, incluindo a Amazônia.

Por outro lado, a Colômbia, com a queda das reservas há mais de dez anos, se tornará, a partir de 2025, um importador de GNL para cobrir os déficits.

A Ecopetrol está explorando duas frentes de entrada, uma por Buenaventura, provavelmente por meio de contêineres ISO, e outra pelo Caribe, aproveitando a plataforma de Chuchupa, operada por sua subsidiária Hocol.

A grande conclusão do Quarto Fórum Internacional GNL Global é que a América Latina e o Caribe estão se movimentando para aproveitar o crescente mercado de GNL no mundo.

Fonte: Guía del Gas