Imagem: LP Gas Magazine
Uma das maiores frotas circulando nas estradas dos EUA transporta crianças para a escola todos os dias.
Cerca de meio milhão de ônibus escolares entram em operação todas as manhãs de segunda a sexta-feira, retornam ao pátio, realizam algumas viagens ao meio-dia para atividades extracurriculares ou excursões e saem novamente à tarde para levar os estudantes para casa.
Atualmente, cerca de 5% desses ônibus funcionam com propano, mas esse número deve crescer significativamente nos próximos anos.
No espectro dos combustíveis, o diesel domina historicamente o mercado de abastecimento de ônibus escolares. No outro extremo, os ônibus elétricos capturaram uma pequena, mas crescente, fatia. Enquanto isso, o propano ocupa um espaço intermediário, sem grandes saltos no crescimento, mas mantendo uma posição sólida.
Com a regulamentação cada vez mais rígida sobre as emissões do diesel e a nova administração presidencial reduzindo os requisitos e os subsídios para veículos elétricos, o propano está em uma posição única para conquistar uma parcela maior desse mercado.
Taxa de adoção
Atualmente, cerca de 5.000 ônibus escolares elétricos operam em 49 estados dos EUA (com exceção de Wyoming), além de Washington, D.C., e Samoa Americana, segundo o World Resources Institute (WRI). Além disso, quatro territórios e várias nações indígenas se comprometeram a incluir ônibus elétricos em suas frotas.
O WRI aponta que mais de dois terços dos ônibus elétricos nos EUA foram financiados pelo Programa de Ônibus Escolares Limpos da Agência de Proteção Ambiental (EPA), que já distribuiu quase US$ 3 bilhões para substituir mais de 8.000 ônibus a diesel. (Vale destacar que, em janeiro de 2025, a administração Trump emitiu uma ordem executiva suspendendo a liberação de verbas da Lei de Infraestrutura e Empregos de 2021, o que inclui esse programa de ônibus escolares limpos.)
Apesar da incerteza, vários estados aprovaram leis para acelerar a transição para frotas de ônibus escolares com zero emissões, o que pode impulsionar um pouco a adoção desses veículos.
Embora parte do financiamento do Programa de Ônibus Escolares Limpos tenha sido destinada a ônibus movidos a propano, o suporte financeiro para os elétricos tem sido muito maior. Isso impulsiona o mercado de ônibus elétricos, mas levanta dúvidas sobre a continuidade desse crescimento enquanto os custos não caírem significativamente.
Por outro lado, os ônibus escolares movidos a propano não dependem de subsídios, afirma Todd Mouw, vice-presidente executivo da Roush CleanTech, fornecedora de tecnologia de propulsão da fabricante de ônibus escolares Blue Bird. Segundo ele, os ônibus a propano geram uma economia de cerca de US$ 4.500 por ano, com um período de retorno do investimento entre 18 e 24 meses para veículos com vida útil de 12 a 15 anos.
A Blue Bird tem ônibus escolares movidos a propano rodando em 49 estados dos EUA (Mississippi é a única exceção) e em todas as províncias do Canadá. Desde a introdução dessa tecnologia, a empresa já vendeu mais de 23.000 ônibus a propano e 2.500 elétricos, segundo Albert Burleigh, vice-presidente de Vendas de Ônibus da Blue Bird na América do Norte. Outras fabricantes, como Thomas Built Buses e IC Bus, também venderam ônibus a propano no passado, mas não produzem mais esse modelo.
Burleigh destaca que a Blue Bird começou a fabricar ônibus escolares movidos a propano em 2008 e elétricos em 2018, com ambos os tipos de combustível representando uma parcela crescente dos negócios da empresa.
A participação do diesel no mercado está diminuindo. Mais distritos escolares estão abandonando o diesel e migrando para o propano devido à economia de custos e à manutenção mais simples.
Além disso, em 2027, a EPA implementará regulamentações ainda mais rigorosas, reduzindo o limite máximo de emissões de óxidos de nitrogênio (NOx) de 0,2 para 0,035. Essas mudanças exigirão ajustes nos sistemas de pós-tratamento dos motores a diesel, aumentando sua complexidade e custos.
“Isso preocupa os distritos escolares, porque eles já enfrentaram diversas mudanças nas normas de emissões nos últimos 10 a 15 anos”, afirma Burleigh. “E sempre que há uma grande mudança, os custos e a manutenção acabam sendo maiores do que o esperado.”
Os ônibus escolares da Blue Bird movidos a propano já atendem aos requisitos de emissões de 2027, emitindo apenas 0,02 NOx, sem a necessidade de sistemas de pós-tratamento. Os benefícios ambientais e de saúde pública também são um atrativo para os clientes do setor de transporte escolar.
“É por isso que estamos vendo um aumento na demanda por esse produto, especialmente com essa mudança regulatória no horizonte”, diz Burleigh.
Muitos distritos escolares estão buscando alternativas ao diesel. O propano, com um custo inicial semelhante ao diesel e mais de US$ 50.000 em economia ao longo de 15 anos de operação, tem sido uma escolha popular.
Ainda assim, Burleigh observa que muitos clientes ainda não fizeram a mudança. Dos mais de 12.000 distritos escolares nos EUA, apenas 1.100 adotaram o propano em suas frotas.
“É uma pequena fatia do mercado total, mas cresce a cada ano”, afirma. “Essas mudanças nas emissões de 2027 serão decisivas para muitos operadores de ônibus escolares considerarem a conversão.”
A visão dos distritos escolares
Ron Stephens, diretor de transporte do distrito escolar de Wilkes County, na Geórgia, afirma que um financiamento combinado de governos estaduais e federais ajudou a adquirir 10 ônibus escolares a propano. Posteriormente, o Programa de Ônibus Escolares Limpos da EPA forneceu fundos para substituir 17 ônibus a diesel por cinco elétricos e 12 movidos a propano.
O distrito de Wilkes County colocou seus novos ônibus elétricos em operação em outubro de 2024, cerca de um ano após recebê-los, devido a atrasos na instalação da infraestrutura de carregamento. No entanto, três dos veículos ficaram inoperantes por problemas de manutenção.
“Se tivesse que escolher entre os dois combustíveis, minha preferência seria pelo propano, principalmente pela confiabilidade”, afirma Stephens. “Sessenta por cento dos nossos ônibus elétricos não estão funcionando.”
Diana Mikelski, diretora de transporte do distrito escolar Township High School 211, em Illinois, concorda que os ônibus elétricos ainda não estão prontos para uma adoção ampla. Ela menciona o alto custo inicial – entre US$ 300.000 e US$ 400.000 por unidade.
“Com esse valor, eu consigo comprar dois ônibus a propano”, diz Mikelski. “E posso colocá-los para rodar imediatamente, reduzindo as emissões de NOx.”
Mikelski também destaca preocupações com o frio extremo reduzindo a autonomia dos ônibus elétricos e a demora para manutenção.
“Se tenho um problema com um ônibus a propano, meus mecânicos podem abrir o capô e consertá-lo”, explica. “Já um ônibus elétrico exige uma espera de semanas por um técnico especializado.”
O distrito dela já encomendou mais ônibus a propano para substituir sua frota a diesel e, eventualmente, migrar para um modelo totalmente movido a esse combustível.
Oportunidade para o propano
Embora seja prudente testar ônibus elétricos, Todd Mouw alerta que o financiamento pode ser reduzido com a nova administração presidencial, dificultando a comercialização desses veículos.
Enquanto isso, mudanças regulatórias nas emissões de diesel podem levar mais distritos escolares a buscar alternativas. Ainda assim, Burleigh não espera um aumento imediato nas vendas de ônibus a propano, pois muitos clientes a diesel ainda não estão prontos para a transição. Alguns podem até antecipar compras em 2025 e 2026 antes que as novas regras entrem em vigor.
Fonte: LP Gas Magazine