Expectantes para o futuro do setor ligado ao desenvolvimento de Vaca Muerta, a convocatória atraiu empresas da América Latina. “A Argentina tem superávit desse recurso estratégico, que é consumido por mais de 3 bilhões de pessoas no mundo”, destacaram da Câmara Argentina de Gás Liquefeito de Petróleo (CEGLA). Além disso, foram analisados os desafios e oportunidades de investimento e exportação.
O GLP é, depois do Gás Natural, o combustível mais utilizado na Argentina. Segundo o Censo de 2022, ele é usado por mais de 46% da população, cerca de 18 milhões de pessoas, que precisam de botijões para cozinhar ou se aquecer. Também é essencial para indústrias, comércios e áreas rurais.
Esse combustível é utilizado em cada canto do país, mas, em cinco províncias (Corrientes, Chaco, Misiones, Formosa e La Rioja), ele é necessário para 80% da população.
No entanto, apesar da grande demanda local, a Argentina produz um superávit de GLP, com 2,7 milhões de toneladas por ano. Esse gás é obtido da separação de líquidos do gás natural e da refinaria de petróleo, os quais, graças ao crescimento vertiginoso de Vaca Muerta, vão permitir mais GLP disponível, um recurso estratégico que a Argentina pode aproveitar.
“Queremos entender o futuro da produção e as oportunidades que isso pode nos trazer”, afirmou o presidente da Câmara Argentina de Gás Liquefeito de Petróleo (CEGLA), Pedro Cascales, ao iniciar a 1ª Jornada do GLP Argentino, organizada pela Câmara de Empresas Argentinas de Gás Liquefeito (CEGLA), junto com a Associação Ibero-Americana de Gás Liquefeito de Petróleo e com o apoio do vice-presidente da Comissão de Energia e Combustíveis da Câmara dos Deputados, Martín Maquieyra. “Esta é a casa do debate e quero ajudar para que o GLP contribua com o desenvolvimento desta nação”, afirmou.
O país já exporta cerca de 1,2 milhão de toneladas (principalmente para países vizinhos), mas provavelmente nos próximos três anos, esse volume exportável quase dobrará. E isso gerou debate.
O diretor Executivo da Associação Ibero-Americana de Gás Liquefeito de Petróleo (AIGLP), Fabricio Duarte, destacou que “O GLP é um combustível essencial em toda a América Latina porque é limpo, portátil, versátil, e daí a sua importância sustentável e econômica para a região, que ainda concentra 90 milhões de pessoas vivendo em condições de pobreza energética extrema; portanto, o GLP permite combater essa desigualdade social”, expôs.
Estamos a caminho da desregulamentação na agenda 2025
A diretora de Gás Liquefeito do Ministério da Economia da Nação, Paula Pellegrini, celebrou a “maturidade” empresarial. “Com a liberação dos preços, os botijões não aumentaram significativamente”, enfatizou a funcionária e antecipou que “Estamos a caminho da desregulamentação na agenda 2025”.
“Os preços não aumentaram significativamente porque o GLP compete dentro de um mercado nacional com quase 30 fracionadores e centenas de distribuidores, mas também compete com outras fontes de energia, que vão desde a eletricidade em um extremo até a lenha no outro”, explicou o presidente da CEGLA, que elogiou a decisão da Secretaria de Energia da Nação de retirar a palavra “máximo” dos preços e voltar aos de referência. “Estamos diante da mudança mais importante que o GLP teve na história moderna da Argentina desde a promulgação, há quase 20 anos, da lei 26.020”, afirmou.
“Devemos lembrar que são apenas 9 meses. Se eu pedir para vocês demolirem um prédio, provavelmente farão em um mês, uma semana, 10 dias; se eu pedir para construírem o mesmo prédio, levarão anos… e este país está se destruindo há muitos anos”, enfatizou do governo, Eduardo Jorge Oreste, à frente da Subsecretaria de Combustíveis Gasosos da Nação.
Além disso, os empresários destacaram a importância da Lei Básica, especialmente sobre o capítulo de Hidrocarbonetos, e o RIGI. “Neste setor, os investimentos são determinantes, pois é um setor de capital intensivo, já que é preciso manter 20 milhões de botijões; a cada 10 anos, é necessário recertificar todos os botijões e cilindros. Adicionalmente, há milhares de caminhões nas estradas, centenas de plantas de envase e fracionamento”, indicaram.
Por isso, apesar da grande quantidade de botijões em circulação, ao longo dos últimos 20 anos, por diversos motivos, tivemos no país falta de Diesel, de Gás Natural e de eletricidade, “mas nunca de GLP, nem mesmo na pandemia”, destacou Cascales. E isso reflete a grande cadeia formada por produtores, fracionadores, distribuidores, transportadores e pelos trabalhadores dessa grande indústria.
Desafios
Novas tecnologias como Inteligência Artificial, robótica, internet das coisas, telemedição, rastreabilidade, big data, entre outros avanços, já fazem parte e estarão cada vez mais presentes na indústria em todos os processos, desde a logística até o armazenamento, envase, distribuição e venda.
Esse tema foi analisado com produtores e fracionadores de GLP. Além disso, Bárbara Massin, Diretora da Trovan Alemanha, destacou o valor da rastreabilidade de recipientes e houve painéis sobre “Marca do recipiente: Sua importância para a manutenção dos investimentos e a segurança do sistema”, com palestras de Diego Yulita, gerente de Planejamento de Negócios da YPF GAS, Antonio Corral, diretor da Extragas, Juan Carlos Uviedo, gerente de Operações da ITALGAS, e Horacio de los Ríos, Gerente Geral da UCOOP GAS.
Também se discutiu sobre “Novos projetos, logística e abastecimento de GLP e GNL”, com um painel de produtores locais: Alejandro Catalini – Gerente Comercial Atacadista de GLP da YPF, Javier Vivas – Sócio Gerente da GASENER e Santiago Patrón Costas, diretor de Comercialização e Midstream de Gás e Petróleo da Pampa Energía.
Por último, Adrián Calcagno – Vice-presidente de Energia e Matérias-primas para OPIS, empresa do grupo Dow Jones Company, analisou a evolução dos preços do GLP mundial.
Fonte: Diário Cronica – Argentina