Imagem: Revista Economía – Perú
80% do GLP de contrabando proveniente do Equador tem como destino a região de Tumbes e 20% chega ao norte de Piura. É urgente reforçar a fiscalização e melhorar a coordenação interinstitucional entre as autoridades para combater o contrabando e as atividades ilegais no setor.
O evento PERÚ ENERGÍA Norte, realizado em Piura, reuniu os principais representantes do setor energético com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento sustentável do norte do país. O encontro abordou os eixos de Eletricidade e Hidrocarbonetos, promovendo uma análise sobre os fatores que afetam a competitividade, a segurança do suprimento e a sustentabilidade econômica da região.
Durante a jornada ocorreu o painel “O impacto das atividades ilegais no setor de hidrocarbonetos”, que contou com a participação de Janinne Delgado, diretora executiva da Sociedade Peruana de Gás Liquefeito (SPGL), Luis Miguel Castilla, ex-ministro da Economia e Finanças, e Carlos Gonzales, gerente-geral da Enerconsult.
Os especialistas alertaram sobre as consequências do contrabando de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) na fronteira norte. Eles advertiram que essa prática gera perdas superiores a 16 milhões de dólares por ano, compromete a segurança dos consumidores, enfraquece a sustentabilidade das empresas formais e reduz a arrecadação fiscal do Estado.
“O comércio ilegal não só gera perdas milionárias, como também coloca vidas em risco e afeta a competitividade de quem opera legalmente. É fundamental fortalecer a fiscalização nas zonas fronteiriças e melhorar a coordenação entre os órgãos de inspeção e controle”,
— Janinne Delgado, diretora executiva da SPGL.
Os dados apresentados indicam que 80% do GLP contrabandeado do Equador têm como destino a região de Tumbes, enquanto os 20% restantes chegam ao norte de Piura. Tumbes recebe em média 354 barris por dia — equivalentes a 18,5% do total das vendas formais de GLP envasado —, e Piura cerca de 89 barris diários, equivalentes a 5% da comercialização formal desse produto. Juntas, essas operações ilegais somam 16,6 milhões de dólares ao ano, evidenciando o impacto desse mercado clandestino na economia local.
O problema tem origem principalmente na diferença de preços entre os países, já que no Equador o GLP é subsidiado. A isso se somam a baixa fiscalização aduaneira e a escassa presença de agentes de controle em zonas rurais ou de difícil acesso. Essas condições permitiram o surgimento de redes logísticas paralelas que facilitam a entrada e a distribuição do combustível por vias não reguladas, gerando um ambiente de insegurança e concorrência desleal que prejudica empresas e consumidores.
Durante o fórum, também foi destacado que o avanço da criminalidade organizada, por meio de práticas como a extorsão, agrava ainda mais a situação, criando riscos para os trabalhadores e dificultando a execução de novos projetos de investimento na indústria energética.
Por fim, ressaltou-se a importância de travar uma luta frontal contra as atividades ilegais e informais no setor de Hidrocarbonetos, que cresceram significativamente nos últimos anos. Para isso, é necessário intensificar as fiscalizações e as medidas de interdição, apoiando-se nas capacidades técnicas do Osinergmin e na cooperação interinstitucional entre a Polícia, Ministério Público, SUNAT, INDECOPI, ministérios e prefeituras.
Também é fundamental criar áreas que processem os dados disponíveis nas autoridades estatais, como o Sistema de Controle de Ordens de Pedidos (SCOP) e o Sistema de Processamento de Informação Comercial (SPIC), além de incorporar tecnologias de análise de dados e inteligência artificial nos sistemas de controle do mercado de combustíveis — tudo isso com o objetivo de detectar irregularidades e reforçar a rastreabilidade e a segurança em toda a cadeia de valor.
Fonte: Revista Economía – Perú
