O Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) se consolidou como um elemento relevante na matriz energética da América Latina, fornecendo energia confiável e acessível a milhões de lares, comércios e indústrias. Esse recurso, cuja versatilidade o torna indispensável tanto em áreas urbanas quanto rurais, se apresenta como uma alternativa moderna e limpa em relação a combustíveis tradicionais, como a lenha e o carvão.
Fabrício Duarte, Diretor Executivo da Associação Ibero-Americana de GLP (AIGLP), destacou ao Surtidores Latam a importância do GLP não apenas em termos de segurança energética, mas também como um motor de desenvolvimento econômico. “O GLP impulsiona atividades produtivas e apoia pequenos negócios. Sua capacidade de adaptação e portabilidade o tornam uma opção estratégica para regiões com infraestrutura elétrica limitada”, explicou.
Segundo dados recentes, entre 2018 e 2024, a produção desse gás na América Latina caiu 10%, atingindo 15,62 milhões de toneladas métricas (mtm) em 2024. Enquanto Brasil e Argentina aumentaram sua produção, o México apresentou uma redução significativa. No entanto, a demanda total de GLP permaneceu estável, com um leve crescimento em 2024, alcançando 30,21 mtm, impulsionada principalmente pelo consumo residencial, que representa 65% do total.
O Peru se destaca como o único país da região com crescimento contínuo na demanda de GLP, especialmente no setor veicular, que corresponde a cerca de 40% do consumo total no país, a maior proporção da América Latina. Esse desenvolvimento tem sido favorecido por um ecossistema bem estruturado, com oficinas de conversão, postos de abastecimento e o apoio de fabricantes automotivos.
No entanto, o setor enfrenta desafios. Atualmente, a região depende fortemente das importações de GLP, principalmente dos Estados Unidos, que fornecem 80% do volume importado.
Duarte ressaltou que “a maturação das reservas de gás natural e o avanço da eletrificação do transporte indicam um maior volume de importações, o que exige investimentos em infraestrutura de armazenamento e terminais marítimos para reduzir custos”.
No aspecto regulatório, as condições variam significativamente entre os países. No México, a dependência das importações pode chegar a 80% nos próximos anos, enquanto as rígidas regulamentações de preços dificultam investimentos. No Brasil, a possível flexibilização das normas pode comprometer a qualidade e a segurança do serviço, enquanto a Argentina avança para uma desregulação progressiva, alinhando os preços do GLP aos custos reais e incentivando investimentos na exploração do campo de Vaca Muerta.
Para garantir a sustentabilidade do setor, Duarte enfatizou a necessidade de políticas regulatórias equilibradas. “É fundamental eliminar subsídios e controles de preços que distorcem o mercado, oferecer segurança jurídica para atrair investimentos e combater a informalidade, que afeta tanto a segurança quanto a concorrência leal”, concluiu.
Fonte: Surtidores Latam – Sol Bermo