Especialistas de cada mercado comentam sobre as vantagens propostas pela normalização do preço dos combustíveis. Qual é a melhor estratégia de investimento?

Diante do aumento nos preços dos combustíveis e da diminuição da demanda, postos de gasolina podem adotar estratégias como diversificação de serviços, implementação de programas de fidelidade ou busca por parcerias com empresas que permitam ao posto se diferenciar da concorrência.

A queda no consumo não deve ser vista apenas como um desafio, mas como uma oportunidade para inovação e, considerando o tipo de clientes, incorporar novas energias como carregadores elétricos, GNC ou GLP.

Para conhecer a situação de cada um desses mercados, o surtidores.com.ar consultou especialistas que concordam que a normalização dos valores propõe um cenário positivo para o crescimento, embora ainda haja desafios regulatórios a serem definidos pelo novo governo o mais rápido possível em sua estratégia energética.

RECUPERAÇÃO DO GNC

Se hoje existe um setor avançado e cheio de expectativas, é o do Gás Natural Comprimido (GNC), que, graças à construção do novo gasoduto, expandirá sua rede para aproveitar esse recurso argentino, com baixas emissões de carbono e disponível pelos próximos 200 anos.

“Federico Baratella, presidente da Câmara de Fabricantes de Equipamentos (CAPEC), afirma que o gás, mais difícil de exportar, é conveniente ser utilizado aqui, substituindo importações que requerem dólares, a um preço mais barato e contribuindo para a sustentabilidade da matriz energética”.

Em entrevista ao Surtidores, o executivo destaca que este será um ano de recuperação para o GNC, que registrou as cifras mais baixas da história, com 5.000 instalações mensais ao longo de 2023. Nos próximos meses, espera-se voltar aos números habituais de 15.000 conversões por mês, com grande expectativa para 2025.

“Já temos empresas como IVECO e Scania que comercializam veículos pesados exclusivos a GNC, contamos com um marco normativo para a comercialização, só falta um impulso do governo que permita financiar as compras de equipamentos para ter um excelente 2024”, comenta Baratella e esclarece que estão trabalhando com os bancos para obter benefícios em parcelas para incentivar as conversões.

Quanto aos postos de gasolina, o representante da CAPEC explica que são muitas as vantagens de incorporar essa fonte de energia ao negócio, pois seu preço é livre, a demanda está aumentando e há necessidade, principalmente no interior do país, de aumentar os pontos de carga.

GLP: UMA ALTERNATIVA COM MAIOR AUTONOMIA

Assim como o GNC, o gás liquefeito encontra maior competitividade com a normalização dos preços da gasolina, embora ainda enfrente desafios na importação de equipamentos.

O presidente da empresa argentina Sifer Gas, Raul Persoglia, enfatiza que, embora o governo tenha manifestado a intenção de liberar as importações, ainda não foi possível ver isso na prática.

“Ainda não estamos autorizados ao pagamento antecipado, o que está nos atrasando na obtenção dos componentes para a conversão de veículos a diesel, o que significará um grande impulso para nosso mercado”, explica o representante.

No entanto, ele sustenta que o crescimento desse recurso será progressivo e que as políticas de desregulamentação são positivas para isso.

A autonomia é a grande fortaleza do GLP. Quase todos os veículos ultrapassam os 500 quilômetros, e isso se destaca no mercado. Assim como o GNC, a aposta para 2024 virá acompanhada de financiamento para que os usuários possam adquirir os equipamentos de maneira mais acessível.

CARREGADORES ELÉTRICOS

Das três alternativas mencionadas, a que apresenta mais dificuldades a nível regulatório é a eletromobilidade. Do setor, continuam encontrando obstáculos para a comercialização de energia e a importação de peças de reposição para veículos, bem como cabos para a instalação de carregadores.

No entanto, as empresas de energia tomaram a iniciativa e instalaram pontos de carga em corredores estratégicos. Nessa modalidade de mobilidade, os postos de gasolina encontram um serviço diferenciado, principalmente para a fidelização de clientes.

Como comentaram representantes das diferentes bandeiras a este meio, é uma forma de iniciar no caminho da sustentabilidade, enviando mensagens positivas aos clientes e oferecendo um ponto de carga durante seus tempos de descanso, complementando a experiência com espaços de cafeteria.

No entanto, a eletromobilidade tem um impacto significativo no bolso daqueles que a escolhem em vez de veículos a combustão, representando menos da metade dos gastos com gasolina, se considerarmos o carregamento domiciliar.

Nesse sentido, se o governo conseguir oferecer os incentivos regulatórios necessários para a comercialização de energia em postos de gasolina, eles poderão oferecer carregamentos mais rápidos e se tornar pontos atrativos para consumidores de outras unidades de negócio.

“O setor de postos de gasolina poderia representar aproximadamente 20 por cento dos recarregamentos do país, com o restante distribuído entre residências e outros pontos”, assegura o responsável pelo desenvolvimento de negócios de E-mobilidade da Scame Argentina, Gustavo Salerno.

O executivo destaca que a eletromobilidade está buscando seu espaço no mercado argentino e que existem alternativas de carregadores modulares para iniciar progressivamente como fornecedores.

O QUE ACONTECE COM O PARQUE AUTOMOTIVO?

As marcas que estão incorporando veículos ao parque automotivo argentino são Renault, que anunciou a nova Kangoo elétrica, o Kwid 100 por cento elétrico e o Megane elétrico.

Além disso, Salerno menciona que outras montadoras também têm em sua carteira vários modelos elétricos e alguns anunciaram lançamentos para este ano, como é o caso da Volvo e da Mercedes-Benz.

É importante ter em mente que a disponibilidade de modelos desse vetor na Argentina é influenciada por fatores como a escassez de divisas e as decisões comerciais das montadoras.

Em um momento em que é difícil ficar com pesos economizados e a incerteza cambial deixa alguns mercados paralisados, especialistas no negócio de postos de gasolina recomendam investir em infraestrutura, se houver possibilidade de fazê-lo.

Portanto, um bom planejamento e o alto conhecimento da situação da empresa serão a chave para escolher para onde expandir, melhorar a oferta e criar uma experiência completa ao cliente, adaptada às necessidades da região e única.

Fonte: Surtidores Latam