“Não podemos falar em eficiência energética quando ainda há restrições”, diz executivo da maior fabricante mundial de válvulas de GLP.
A italiana Cavagna, maior empresa produtora mundial de válvulas para o setor de GLP, participou do 33º Congresso da Associação Ibero-Americana de GLP, realizado no Rio, nos dias 22 e 23 de março. De acordo com o gerente geral da Cavagna no Brasil, Ricardo Manara, a companhia tem buscado incentivar a utilização do energético pelo consumidor final em usos para além da cozinha. Para isso, lançou há cinco anos uma linha de equipamentos como cortadores de grama, geradores de energia, bombas d´água, entre outros, movidos a GLP.
No Brasil há restrições que impedem o uso de GLP. Como o Sr. analisa esse cenário?
As restrições são um obstáculo a mais para o crescimento do setor de GLP no Brasil, mas acredito que, em breve, elas serão derrubadas porque a demanda de mercado para novos usos é imensa. Além do mais, não podemos falar em eficiência energética quando ainda há restrições. Elas hoje são mais maléficas do que benéficas, por isso não devem durar muito tempo, visto que até os processos governamentais de edificação eficiente priorizam o uso do GLP.
Quais são as possibilidades de expansão do consumo de GLP que o Sr. identifica com o fim das restrições?
Vejo um imenso mercado de uso final do produto ainda não explorado. O GLP poderia ser aplicado em sistema de cogeração, em climatização de ambientes e em aquecimento de piscina, por exemplo. Essas e outras necessidades poderiam ser bem atendidas pelo GLP.
Comparado com os demais países do mundo quais as principais diferenças que o Brasil apresenta para a expansão do setor de GLP?
O grande diferencial no Brasil é a cultura do chuveiro elétrico. Hoje, mais de 95% dos aparelhos aquecedores de água comercializados no país são chuveiros elétricos. Esse cenário não se observa em outros países do mundo. O chuveiro elétrico teve sua aplicação na década de 70 e acabou ganhando raízes
culturais.
Como a Cavagna enxerga hoje o potencial do mercado de GLP no Brasil?
Olhando para o que o grupo já faz fora, as possibilidades são infinitas. Primeiro porque o consumidor emgeral ainda não conhece totalmente as outras possibilidades de aplicações do GLP, além da cozinha.Quando ele começa a levar para casa equipamentos movidos a GLP, ele passa a conhecer realmente o conceito de uso do gás. Então, as possibilidades de crescimento desse mercado, com a geração de novas demandas, se tornam enormes.
A criação dessa linha Greengear tem o propósito de aproximar mais o consumidor ao GLP?
Com a entrada dessa linha de produtos, a ideia é começar a criar novos incentivos para uso do gás e continuar mantendo a demanda, que, de fato é inelástica. No Brasil, como ainda temos novas possibilidades de uso não supridas, por isso a nossa visão é que ainda existem mais oportunidades de aumento do consumo do que em outros países. Essa linha é nova, tem aproximadamente cinco anos, e vem em um momento em que o mundo demanda por soluções de questões ambientais e também por maior economia. Os equipamentos movidos a GLP geram redução de custos, uma economia de 25% a 35% em relação à gasolina, que é o insumo utilizado na maioria desses equipamentos.
Quais são os pontos que o Sr. destacaria das vantagens do GLP especialmente em relação à gasolina?
São principalmente dois. É de fácil transporte por ser armazenado em botijão e não tem tantas restrições para ser transportado como a gasolina tem, podendo ser deslocado com grande facilidade. O segundo aspecto é em relação às emissões. O GLP é nada poluente se comparado à gasolina.