A Clesse, indústria especializada em reguladores e acessórios para gás, participou do 33º Congresso da Associação Ibero-Americana de GLP, realizado no Rio. Na visão do diretor da empresa, Afonso Carlos Teixeira, essa foi a melhor de todas as edições do evento em representatividade dos países englobados pela AIGLP e também em geração de negócios.

Qual a sua avaliação desta edição do Congresso da AIGLP?
Essa é a nossa quarta participação e esse ano foi, sem dúvida, a melhor edição, principalmente em número de visitantes. Nós estamos querendo abrir o mercado da América Latina, já que estamos há 20 anos no mercado brasileiro e, há dois, começamos a trabalhar essa expansão. Hoje fornecemos para Colômbia e Equador, mas queremos ampliar a nossa atuação, e eventos como este ajudam muito. Ter a possibilidade de fazer contato com empresas de países como Paraguai, Peru, Panamá, Chile, Guatemala e outros, foi muito bom. É muito interessante o nível de contato e de interesse dos executivos. Já estamos até fazendo algumas negociações.

A Clesse está há 20 anos no Brasil. Como você resume a trajetória da empresa até agora?
Começamos o negócio no Brasil há 20 anos com foco no regulador, inicialmente com reguladores pequenos de 1 kg/hora, e hoje atinge até 20 mil kg/hora (industriais). A nossa evolução foi acontecendo ano a ano, com investimentos e muita especialização em mercados de gás, principalmente o de GLP. Nosso foco é trazer soluções para os clientes, especialmente as companhias e os instaladores de gás.

Quais tecnologias a Clesse desenvolveu para o setor de GLP?
Criamos a primeira válvula shut-off no Brasil, que é uma espécie de disjuntor do gás. Se houver uma falha do regulador, ela limita a pressão do gás na rede, protegendo sem cortar o fornecimento. Muitas pessoas não tem noção, mas o regulador do gás tem diferença de pressão de até 250 vezes – da pressão que está no tanque até a da queima. Mas o conceito é esse, aumenta-se a pressão para que o consumidor tenha uma quantidade de gás que possa ser usada por um tempo relativamente longo. Do contrário, o usuário teria que trocar o botijão praticamente todo dia, o que seria inviável. O gás fica liquefeito no botijão, vai vaporizando e essa parte vaporizada é regulada pela válvula para que ele seja queimado com alta eficiência. Nós nos especializamos na eficiência da queima e na segurança do processo. Mais tarde, migramos para o mercado de tubulação com uma tecnologia nova, um tubo multicamadas. Esse modelo tem menos emendas, ou seja, menos conexões e menos pontos de vazamentos, garantindo mais segurança para o usuário.

Como você avalia o mercado de GLP no setor de reguladores de pressão?
Os dois últimos anos foram difíceis para toda a economia, mas mesmo assim conseguimos crescer e inovar. O meu mercado de GLP está crescendo. Ao contrário de muitas empresas que demitiram fortemente, nós mantivemos a nossa estrutura, o que nos deu vantagem com relação aos nossos concorrentes, que precisam agora arrumar a casa. Quando o mercado começou a retomar, no meio do ano passado, a gente teve que acelerar rápido e conseguimos aumentar o ritmo porque mantivemos a empresa em um bom nível de atividade. Estou otimista para este ano, começamos bem. Acredito que se fizermos um bom trabalho no primeiro semestre, chegaremos a um patamar que não vai nos permitir regredir. Minha visão para 2018 é de crescimento.

O que na sua visão é um gargalo para o mercado brasileiro de GLP?
Acho que algumas regras políticas, e não técnicas, que existem hoje, atrasam um pouco a evolução do setor. Há restrições com base em questões de mais de 20 anos e atualmente, com a modernização da indústria, não deveriam existir mais. Existem ainda restrições locais, municipais, estaduais, certos aspectos que precisam ser rediscutidos. Um fator positivo é que as normas da ABNT estão evoluindo, e a tendência é que, cada vez mais, as inovações da indústria sejam aceitas. O importante é que esta discussão sobre a evolução das normas prossiga para que o setor possa ver as mudanças acontecerem, de forma sensata.